6.03.2011

QUANDO TRÊS É DEMAIS

A modernidade construiu novas formas de relacionamentos amorosos. O ficar tornou-se bastante popular não só entre os adolescentes, mas também entre os adultos. Há espaços para as relações virtuais e o casamento nem sempre é eterno, o que faz com que “ate que a morte os separe” transforme-se, para alguns casais, numa vivência descompromissada.
Diante de tantos apelos, as promessas de fidelidade nem sempre é imperativa e a traição pode ocorrer.
É comum revistas apresentarem pesquisas sobre “quem trai mais: o homem ou a mulher?” No entanto é difícil mensurar, uma vez que nestas pesquisas não há garantias de que o entrevistado esteja dizendo a verdade.
A traição era mais freqüente entre os homens até algumas décadas atrás. Esta diferença deixou de ser significativa após os anos 60, onde as mulheres passaram a exigir igualdade entre os sexos. Ainda assim há um conformismo social quanto à infidelidade masculina, enquanto na feminina há um tom dramático. Tudo isso é conseqüência de uma construção social histórica que reforça a idéia de que o homem precisa mais de sexo do que a mulher. Um mito, uma vez que a necessidade sexual varia de indivíduo pra indivíduo, independente do gênero.
Homens e mulheres encaram a traição de maneira diferente. As justificativas mais freqüentes dos homens são a atração sexual, as oportunidades no dia a dia e desejo de aventura. Para as mulheres prevalece à busca de afeto e a insatisfação com o casamento.
Julgar uma traição é difícil, uma vez que os critérios do que é lealdade ou não, desafiou as regras tradicionais e alterou-se. A reação das pessoas envolvidas será diferente para cada casal uma vez que vai depender da experiência de vida deles, tempo de casamento e principalmente: dos seus pactos íntimos.
Quando há uma traição as pessoas ao redor solicitam que o traído reaja com uma punição ou até a separação, e criticam quando esta reação é passiva. Na verdade tal ira revela o desejo das pessoas de terem um padrão de comportamento em situações de infidelidade.
Quem trai com freqüência busca neste tipo de comportamento a necessidade de sentir-se desejável, revelando uma extrema carência. É uma maneira de não relacionar-se com ninguém, nem consigo próprio já que tais comportamentos são efêmeros e logo a pessoa parte em busca de outro parceiro (a).
É errado dizer que a mulher sofre mais que o homem ao descobrir a traição. A dor fere ambos. O que difere é que para os homens o golpe é na sua virilidade, já a mulher sente-se esvaziada uma vez que fantasia que a outra é melhor do que ela. Sentimentos de culpa, de menos-valia, de rejeição, solidão e ruptura da imagem do parceiro (a) são expressões comuns vivenciadas por quem sofreu a infidelidade.
Independente do desejo de separação ou reconciliação, a infidelidade deve abrir espaço para o casal prestar atenção nos aspectos subjetivos que mobilizam cada um nesta relação e que o cotidiano, muitas vezes, não permite.