8.14.2010

FÉRIAS CONJUGAIS

Brigas, falta de respeito, de carinho e diminuição do desejo sexual, são alguns ingredientes que demonstram que a relação não vai nada bem. Há casais que fazem de conta que nada está acontecendo, empurrando para o acaso uma saída.
A crise no casamento chega devagar e mina pouco a pouco os prazeres da convivência a dois. Nesta situação há aqueles que propõe viajar sozinhos por algum tempo, ou seja, cada um vai para algum lugar na tentativa de refletir sobre a relação.
As férias conjugais é recebida com reserva e desconfiança para a maioria dos casais. E quando a decisão é unilateral, ou seja, quando é sugerida por apenas um dos parceiros, torna-se um fator incendiário já que é vista como oportunidade para a infidelidade. Já outros consideram que ir para um ambiente diferente faz com que os parceiros reativem os bons sentimentos e sintam saudades um do outro.
A cultura reforça a crença de que amor/paixão e casamento são sinônimos. Isto exerce uma profunda influência nas pessoas fazendo com que elas idealizem a união através do “foram felizes para sempre” como nos contos de fada. Essa expectativa repercute negativamente na relação que diante de qualquer incompatibilidade de idéias pode ser vista como diferenças irreconciliáveis.
A falta de comunicação assertiva entre os casais transformam, muitas vezes, pequenas situações incômodas em crises. Situações do dia a dia que poderiam ser solucionadas ou resolvidas com um diálogo franco e pontual, acabam por prejudicar substancialmente a relação. Diante disso alguns sugerem um breve distanciamento para colocar as idéias e sentimentos em ordem.
As férias conjugais não são a solução. Esta opção reflete a dificuldade do casal em lidar com os conflitos a dois já que, na maioria das vezes, tais férias não são usadas com o objetivo de pensar a respeito das condições de superação e sim como uma fuga dos problemas.
Na união a dois os parceiros ao longo dos anos se modificam, amadurecem, evoluem. Não há relacionamento sem conflitos. Eles são comuns à dinâmica de todo casal.
Quaisquer que sejam as razões que conduzam ao desejo de melhorar a relação, um intervalo pode resgatar o equilíbrio a dois. É uma fórmula que alivia os conflitos por um tempo, porém não soluciona. Só camufla.

8.01.2010

A morte de um filho

Perder um filho, independente da idade deste, é considerado a dor mais devastadora que os pais podem sentir na vida. É a mais cruel de todas as realidades. Esta dor é sentida pelas pessoas próximas da família, mesmo que em menor intensidade, suscitando ansiedade e medo em todos. A morte de um filho traz a consciência da própria finitude.
Numa sociedade caracterizada pela repressão da morte, quando é possível pensar sobre ela, o que se espera é que haja uma sequencia cronológica: primeiro morrem os pais (ou as pessoas idosas) e só mais tarde os filhos. Mesmo que a realidade se apresente de outra forma, o ser humano tem esta defesa.
O nascimento de um filho trás para os pais a possibilidade de construir projetos para eles e diante da sua morte todos estes sonhos são negados. Um filho não é somente uma herança genética, mas também uma extensão psicológica dos seus pais que investiram atenção, cuidados e afeto.
A forma como cada mãe, ou pai, enfrenta esta perda é subjetiva. Há uma confusão de sentimentos. Há pais que não conseguem falar sobre o assunto, ficando reclusos até mesmo para tentar entender tudo que aconteceu. Outros se sentem culpados principalmente se a morte foi trágica, uma vez que consideram que deviam ter previsto o ocorrido e assim protegê-lo.
Há também aqueles pais que tem dificuldades em se desfazer dos pertences do filho e alguns até mantêm o quarto do mesmo jeito que o filho deixou antes de morrer. Para estes pais deixar a tristeza ir embora é o mesmo que esquecer-se do filho e de suas lembranças. Isso dificulta mais ainda para eles retornarem às suas atividades diárias, incluindo suas relações sociais.
Não existe uma regra para superar a dor da perda. Cada um reage de uma forma e isso depende da estrutura emocional de cada pessoa. No entanto o luto tem começo meio e fim, sendo mais intenso no início.
Se este processo não é superado, ou seja, se a morte ocorrida não é aceita, o luto torna-se patológico, desencadeando vários sintomas que vão desde o distúrbio do sono, o aparecimento de doenças, a falta de interesse pelas atividades profissionais e sociais até alucinações com quem já se foi. Elaborar a dor da perda requer muitas vezes o auxilio de um profissional.
Seja como for é preciso compartilhar a tristeza com familiares, amigos ou ainda buscar conforto espiritual como forma de superar este momento considerado uma das maiores tragédias da vida.