8.01.2010

A morte de um filho

Perder um filho, independente da idade deste, é considerado a dor mais devastadora que os pais podem sentir na vida. É a mais cruel de todas as realidades. Esta dor é sentida pelas pessoas próximas da família, mesmo que em menor intensidade, suscitando ansiedade e medo em todos. A morte de um filho traz a consciência da própria finitude.
Numa sociedade caracterizada pela repressão da morte, quando é possível pensar sobre ela, o que se espera é que haja uma sequencia cronológica: primeiro morrem os pais (ou as pessoas idosas) e só mais tarde os filhos. Mesmo que a realidade se apresente de outra forma, o ser humano tem esta defesa.
O nascimento de um filho trás para os pais a possibilidade de construir projetos para eles e diante da sua morte todos estes sonhos são negados. Um filho não é somente uma herança genética, mas também uma extensão psicológica dos seus pais que investiram atenção, cuidados e afeto.
A forma como cada mãe, ou pai, enfrenta esta perda é subjetiva. Há uma confusão de sentimentos. Há pais que não conseguem falar sobre o assunto, ficando reclusos até mesmo para tentar entender tudo que aconteceu. Outros se sentem culpados principalmente se a morte foi trágica, uma vez que consideram que deviam ter previsto o ocorrido e assim protegê-lo.
Há também aqueles pais que tem dificuldades em se desfazer dos pertences do filho e alguns até mantêm o quarto do mesmo jeito que o filho deixou antes de morrer. Para estes pais deixar a tristeza ir embora é o mesmo que esquecer-se do filho e de suas lembranças. Isso dificulta mais ainda para eles retornarem às suas atividades diárias, incluindo suas relações sociais.
Não existe uma regra para superar a dor da perda. Cada um reage de uma forma e isso depende da estrutura emocional de cada pessoa. No entanto o luto tem começo meio e fim, sendo mais intenso no início.
Se este processo não é superado, ou seja, se a morte ocorrida não é aceita, o luto torna-se patológico, desencadeando vários sintomas que vão desde o distúrbio do sono, o aparecimento de doenças, a falta de interesse pelas atividades profissionais e sociais até alucinações com quem já se foi. Elaborar a dor da perda requer muitas vezes o auxilio de um profissional.
Seja como for é preciso compartilhar a tristeza com familiares, amigos ou ainda buscar conforto espiritual como forma de superar este momento considerado uma das maiores tragédias da vida.