12.17.2009

CONSUMO, LOGO EXISTO

Final de ano, natal e festas. Um convite a reflexão para alguns, depressão para outros e consumo para a maioria. Muito consumo.
Com tantos estímulos através das propagandas e vitrines coloridas, já que é uma época onde há a troca de presentes, fica difícil conter o impulso de gastar. Soma-se a isso o tipo de personalidade, a percepção, o grupo social e a motivação de cada um. Fatores que influenciam na decisão e na dose da compra.
Mas será que é preciso comprar tanto?
A condição de vida do ser humano, atualmente imposta pelo ritmo urbano, leva o homem a uma busca distorcida do prazer e que não raro se transforma em compulsão, num consumo desenfreado. Tal consumo é incentivado por todas as formas de marketing, baseadas nas carências produzidas pela vida urbana.
Mas a mídia não é a vilã. Ela apenas detecta uma necessidade, uma predisposição da sociedade, afinal nem todos os indivíduos cedem a estes apelos e compram por impulso.
O comprador impulsivo é aquele que adquire o produto pela embalagem, oportunidade ou preço. É uma atração instantânea que não o leva a refletir naquele momento se precisa ou não do produto.
Não há mal algum em comprar, porém quando alguém compra continuamente, sem necessidade, torna-se patológico. Um compulsivo.
A compulsão por compras é um Transtorno psiquiátrico. Caracteriza-se por atos repetitivos e um desejo incontrolável de comprar, causando prejuízo pessoal e familiar uma vez que o indivíduo gasta mais do que pode.
O comprador compulsivo tem uma dependência psicológica. Sai pra gastar, em qualquer época do ano, não pela necessidade daquele objeto e sim pelo fato apenas de comprar. Adquire itens desnecessários com o objetivo de aliviar uma tensão mental, um desejo frustrado. No entanto este alívio é temporário uma vez que depois vem o sentimento de culpa e o remorso pela falta de controle, desencadeando mais tensão, tornando-se um ciclo vicioso.
Vivemos em uma sociedade capitalista que enaltece o ter em detrimento do ser, avaliando as pessoas por aquilo que elas possuem e não por aquilo que elas são. Há uma inversão de valores e que torna o comprar uma necessidade pessoal cuja finalidade pode ser a manutenção do status, adquirir poder ou suprir alguma carência afetiva.
Por isso é preciso refletir sobre os valores pessoais, as relações sociais e familiares, uma vez que exercem influências significativas na vida do indivíduo.
A necessidade de gastar em demasia, com a desculpa que é natal, pode representar uma necessidade de preencher um vazio interior e que na maioria das vezes é a incapacidade do individuo de conhecer a si próprio e dar significado às suas emoções.
Diante da dificuldade de lidar com uma época que gera angústia e fragilidade, o ato de comprar é uma fuga pra lidar com tais aspectos. Uma válvula de escape.
O consumo é mais emocional que racional. Sendo assim é importante uma avaliação da real necessidade daquilo que se quer comprar, já que não é a aquisição de um novo objeto que anula a depressão ou a angústia, comuns nesta época do ano.

12.02.2009

É AMOR OU PAIXÃO?


Quando nos apaixonamos /Poça d'água é chafariz, diz Chico Buarque ao descrever, em uma de suas canções, o encantamento que toma conta dos apaixonados.
Há quem, estando apaixonado, diga que está amando. Amor e paixão, apesar de ser utilizados muitas vezes como sinônimos, têm diferenças.
A paixão é a fase do encantamento de um casal. É quando o organismo é invadido por um “banho químico”. O cérebro de uma pessoa apaixonada contém substâncias da família das anfetaminas, causando reações fisiológicas, provocando euforia nos enamorados.
Os apaixonados tornam-se bem humorados, cheios de energia e desejo. Querem ficar perto do outro todo tempo possível. Neste estágio, definem o que sentem em frases como: “encontrei minha cara metade” ou “ele (ela) é tudo que sempre quis”.
Não importa quem o outro seja ou que a percepção dos fatos seja superficial Contudo, o que se observa, é uma falsificação do julgamento devido à idealização que se tem do outro. Assim, o apaixonado se satisfaz com o pouco que conhece do outro.
O tipo de vínculo na paixão é desmedido, irracional, por isso caracteriza-se como primitivo e desorganizado. Há uma dependência física e psíquica, daí a necessidade de fusão. A relação é simbiótica, os sentimentos são exaltados e há inibição do rendimento intelectual. O apaixonado sonha o tempo todo.
A paixão é narcisista. Diria Freud que é como um espelho que reflete o sujeito, as suas projeções.
Esta fase pode durar de dois a três anos. Após este período pode ter dois caminhos: ou o relacionamento acaba ou transforma-se em outro estágio onde o casal tem uma sensação de segurança e tranqüilidade. Isto é o amor. Ou uma de suas expressões.
O amor é um sentimento tranqüilo, generoso. É cúmplice.
A escolha do parceiro ideal tem como suporte, na maioria das vezes, o ideal romântico. Busca-se no outro a plenitude, o paraíso perdido, o conforto, sem a sensação de que será aniquilado, destruído.
O amor é racional uma vez que o encontro entre as duas pessoas é real e não idealizado.
Estar com o outro, gostar da sensação de estar com o par amoroso é prazeroso, porém é importante também amar outras coisas, e principalmente: amar a si mesmo.
É necessário respeitar a individualidade do outro, a liberdade do outro sem deixar de ser feliz. Para amar e ser amado é preciso estar numa relação sem depender do outro ou delegar ao outro a responsabilidade da própria felicidade. Do contrário os problemas serão inevitáveis.
Ninguém ama alguém que não se ama.