3.26.2012

OS FILHOS NA SEPARAÇÃO DOS PAIS

A separação de um casal constitui um momento doloroso até mesmo para a própria pessoa que toma a decisão. Quem separa não se separa apenas do que a relação tem de insatisfatório, mas também do que ela teve de bom.
Se o casal tiver filhos, estes, muitas vezes, consideram o rompimento como passageiro, apenas uma briga dos pais e que logo irão se reconciliar. Isto dificulta mais ainda a aceitação desta nova fase, marcada por muitas transformações que podem incluir a mudança de casa, da escola, perdas de amigos e diminuição do padrão econômico da família. Tudo exigirá uma reestruturação.
Poucos casais conseguem lidar com a separação de forma saudável e quando isso não acontece os filhos tornam as principais vítimas da falta de maturidade dos pais. A criança expressa seu sofrimento através da mudança de comportamento que vai desde o isolamento ou choro, aparentemente sem motivo, até a rebeldia e agressividade. Outras podem ainda não demonstrar seus sentimentos levando os pais a crer que estão bem, subestimando a situação.
O desconforto psíquico das crianças não surge apenas no momento da saída de um dos genitores da casa. Antes da separação física, a separação emocional dos pais já é perceptível, através das relações conflituosas ou no clima tenso entre ambos, mesmo que o casal permaneça em silêncio.
A dificuldade em não compreender os reais motivos da separação, leva alguns filhos a julgar que eles são culpados pelo rompimento. É frequente sentimentos negativos como frustração, o medo do abandono, a ideia de não ser amado, desencadeando insegurança e baixa autoestima.
Algumas orientações ao casal merecem ser destacadas, para auxiliá-los a atravessarem este momento, reduzindo os efeitos negativos da separação. Os pais devem explicar aos filhos, de acordo com a fase de desenvolvimento de cada um, que eles não foram a causa da separação; não esconder informações quando fizerem alguma pergunta; respeitar o tempo emocional de cada filho para elaborar a situação; não alterar a rotina habitual da criança; manter contatos regulares com o pai ou mãe ausente e, fundamentalmente, transmitir a eles segurança e amor.
Não há um padrão de relacionamento após uma separação. A maneira como cada filho irá se ajustar à nova realidade dependerá diretamente de como os pais lidam com o rompimento, de como interagem entre si e com os filhos. Ao contrário do que se pensa, a quantidade e a qualidade da relação com os filhos podem melhorar após o divórcio, criando oportunidades nunca antes imaginadas.
Cabe observar que, para uma separação ser construtiva, os pais não devem reduzir a ruptura conjugal a uma situação corriqueira do contexto atual, da vida moderna, à qual os filhos, simplesmente, se acostumam e pronto. O casal precisa estar ciente de que o término foi da relação homem-mulher e não a de pai-mãe sendo, portanto, necessária a presença de ambos na vida dos filhos, demonstrando afeto e compromisso para com eles.