5.07.2012

A MADRASTRA

Os contos de fada sempre descreveram o papel da madrasta como uma pessoa má e perversa. Todos conhecem, por exemplo, a história da Branca de Neve ou da Cinderela. Por conta disso há uma aversão social desta figura, vista como alguém incapaz de um ato de amor por uma criança pela qual não gerou. Diferente da mãe adotiva que, por este gesto, é reconhecida socialmente como uma pessoa generosa. Com o aumento significativo de divórcios seguidos de segundas uniões, tem se tornado frequente casos de filhos que residem, ou convivem, com o pai biológico e a madrasta. E se dão bem. Os conflitos existem como em qualquer núcleo familiar, mas não podemos considerar que são específicos apenas das relações madrastas e enteados. Mães biológicas também têm conflitos com seus filhos. No entanto é difícil uma sociedade ver com bons olhos a madrasta. Os enteados a veem como aquela que veio pra roubar o lugar da mãe além de impossibilitar a fantasia de reconciliação que todos os filhos têm dos pais. A visão deturpada que se tem das madrastas também as coloca numa confusão de sentimentos. Muitas vezes elas não sabem qual o limite na relação com seus enteados. Não sabem onde termina a linha divisória entre o que é permitido opinar na vida deles sem que pareça uma intrusa. Desejam também o reconhecimento e a aceitação da família do companheiro, buscando remover o estigma social de mulher má. É necessário que as pessoas se desfaçam do preconceito social que concebe a madrasta como um modelo negativo e ver que ela também é uma figura positiva na relação familiar. Podemos encontrar hoje inúmeros relatos de como estas mulheres respondem a cuidados especiais com seus enteados levando-os à escola, cozinhando ou aconselhando-os com maior objetividade nas dificuldades que eles apresentam. Quando após a separação o casal mantém um relacionamento respeitoso, é possível compreender a segunda união e ver a madrasta como aquela que olha com carinho os filhos quando estão com o pai. Diante dos diversos modelos familiares que temos atualmente no contexto social, repensar o papel dado à madrasta auxilia na construção de relações familiares mais saudáveis. As madrastas podem ser uma amiga adulta, uma espécie de “segunda-mãe”, capazes de criar laços afetivos com seus enteados ou até recuperar elos “perdidos” entre o pai e filho causados pelo fim do casamento.