10.02.2011

A UTOPIA DAS FÉRIAS CONJUGAIS

A crise no casamento chega devagar e mina pouco a pouco os prazeres da convivência a dois. Brigas, falta de carinho e diminuição do desejo sexual, são alguns ingredientes que demonstram que a relação não vai nada bem. Há casais que fazem de conta que nada está acontecendo, empurrando para o acaso uma saída. Nesta situação há aqueles que propõe viajar sozinhos por algum tempo, ou seja, cada um vai para algum lugar na tentativa de refletir sobre a relação.
As férias conjugais são vistas com reserva e desconfiança para a maioria dos casais. E quando a decisão é unilateral, ou seja, quando é sugerida por apenas um dos parceiros, torna-se um fator incendiário já que é vista como oportunidade para a infidelidade. Já outros consideram que ir para um ambiente diferente faz com que os parceiros reativem os bons sentimentos e sintam saudades um do outro.
A cultura reforça a crença de que amor/paixão e casamento são sinônimos. Isto exerce uma profunda influência nas pessoas fazendo com que elas idealizem a união através do “foram felizes para sempre” como nos contos de fada. Essa expectativa repercute negativamente na relação que diante de qualquer incompatibilidade de idéias pode ser vista como diferenças irreconciliáveis.
A falta de comunicação assertiva entre os casais transformam, muitas vezes, pequenas situações incômodas em crises. Situações do dia a dia que poderiam ser solucionadas ou resolvidas com um diálogo franco e pontual, acabam por prejudicar substancialmente a relação. Diante disso alguns sugerem um breve distanciamento para colocar as idéias e sentimentos em ordem.
As férias conjugais não são a solução. Esta opção reflete a dificuldade do casal em lidar com os conflitos a dois já que, na maioria das vezes, tais férias não são usadas com o objetivo de pensar a respeito das condições de superação e sim como uma fuga dos problemas.
Homens e mulheres que não amadurecem e permanecem fixados na ideia de um amor romântico, impedem a construção de uma relação saudável baseada na realidade, na somatória de qualidades e defeitos que compõem qualquer indivíduo. A perfeição é uma ilusão. Na união a dois os parceiros ao longo dos anos se modificam, amadurecem, evoluem. Não há relacionamento sem conflitos. Eles são comuns à dinâmica de todo casal.
Quaisquer que sejam as razões que conduzam ao desejo de melhorar a relação, um intervalo pode resgatar o equilíbrio a dois. É uma fórmula que alivia os conflitos por um tempo, porém não soluciona. Só camufla.